sábado, 31 de outubro de 2009

Peixe Betta: Reprodução

A reprodução de peixes betta é, há muito tempo, cercada por mitos de todos os tipos. De fato, é um processo muito simples, porém quando comparado à reprodução de peixe vivíparos e ovovivíparos pode ser considerado mais complexo.

o início do processo é o dimorfismo sexual da espécie, que é consideravelmente visível.


























acima estão representados machos, com diferentes formatos de barbatanas. e abaixo fêmeas.




















após selecionado o casal de coloração desejada, saudáveis e aptos à reprodução, deve - se atentar para as condições necessárias ao sucesso reprodutivo da espécie.
entre essas condições estão:
pH entre 6,8 - 7,0
Temperatura entre 27°C e 28°C
água calma, limpa e parada (para evitar que o ninho de bolhas, contruído pelo macho, se desfaça)
ambiente calmo (para reduzir o estresse do casal)
coluna de água não superior a 10cm (evitar que ovos e alevinos sofram ou mesmo morram devido à pressão existente no fundo do ambiente)
macho e fêmea devem estar prontos para se reproduzirem (fêmeas prontas para a reprodução apresentam abdômen levemente mais volumoso e um ponto branco bem evidente no ventre. já os machos, começam a confeccionar um ninho de bolhas quando estão aptos à reprodução, muito embora seja comum que machos passem a construir o ninho apena após a apresentação da fêmea e, ainda assim, se reproduzam com êxito)

Bettas são conhecidamente agressivos com outros de sua espécie e, justamente por isso, receberam muitos de seus nomes comuns. Sendo assim, devem ser tomadas certas precauções ao unir um casal.
existem duas técnicas utilizadas para a reprodução de Bettas.
a primeira delas consiste na formação de grupos reprodutivos. essa técnica é pouco usada e basicamente ocorre apenas em sistemas maiores de água, como pequenos lagos, com muitos refúgios em que se unem machos com uma quantidade consideravelmente maior de fêmeas.
em contrapartida a técnica mais utilizada consiste em separar os peixes em casais.
essa técnica permite selecionar os animais que se reproduzirão e obter maior controle sobre os cuidados relativos à futura prole. nesse sistema separa - se o macho em um aquário com medidas apropriadas, mantenha em mente que os filhotes ficarão nesse aquário por um bom tempo (eu utilizava aquário de 40cm x 30cm x 30cm mantendo a coluna de água com 10cm) com água limpa e parada, de preferência em ambiente pouco movimentado. o aquário pode conter poucas plantas e substrato, porém recomenda - se que não haja substrato ou nenhuma decoração, para que o pai possa encontrar os ovos e filhotes que venham a cair durante o abraço nupcial ou do ninho, basta apenas, uma folha seca, pedaço de plástico flutuante ou isopor para que sirva de refúgio e estrutura base para o ninho de bolhas do macho. após acomodado o macho, deve ser apresentada a fêmea e existem duas formas de fazê - lo: ela pode ser mantida em um aquário ao lado do aquário do macho, ou a fêmea pode ser mantida em um recipiente transparente dentro do aquário do macho. eu prefiro a segunda maneira, pois dessa forma o macho pode nadar envolta da fêmea e pode - se garantir que a fêmea estará sempre no campo de visão do macho e vice - versa. após apresentados deve - se atentar para os sinais que o casal demonstra. caso a fêmea tenha aceitado o macho, ela não tentará atacá - lo, assim como o macho não tentará atacar a fêmea caso tenha a aceitado. após 5 dias (em alguns casos pode demorar um pouco mais) desse processo, o macho já deve ter concluído seu ninho de bolhas e você poderá soltar a fêmea, mantendo sempre bastante atenção sobre o comportamento dos dois. caso tudo ocorra bem, ao soltar a fêmea, o casal não deve brigar e o macho deve atraí - la para o seu ninho para o abraço nupcial.


















set up básico























casal sob o ninho



















abraço nupcial





















macho cuidando do ninho com ovos

durante o abraço nupcial a fêmea irá liberar ovos e o machos irá fertilizá - los, logo em seguida coletando - os e colocando - os no ninho de bolhas. é comum que a fêmea fique imóvel enquanto o macho coleta os ovos. após terminada a desova o macho irá expulsar a fêmea de seu território e nesse momento ela deve ser retirada do aquário. é, também, comum que assim que os ovos da fêmea tenham sido todos liberados ela se torne arisca e passe a fugir do macho, sendo um indício de que ela já deve ser removida do aquário. ao ser recolocada em seu devido aquário, deve - se prestar atenção especial à fêmea cuidando para que se recupere bem. depois que a fêmea tiver sido removida e os ovos estiverem todos assentados no ninho, o macho cuidará ininterruptamente do ninho, realocande ovos e larvas que venham a cair deste, durante 3 dias, comendo pouquíssimo ou mesmo nada durante esse período (sendo, portanto, muito importante alimentá - lo bem antes do processo reprodutivo). após esse período os filhotes começarão a nadar sozinhos, e a partir desse momento o pai deve ser retirado do aquário e bem cuidado ao retornar ao seu aquário original, para que possa, assim como a fêmea, se recuperar bem. uma vez que os filhotes começam a nadar se faz necessária a oxigenação da água do aquário, uma vez que os filhotes nascem sem os labirintos desenvolvidos e são, portanto, incapazes de respirar o ar atmosférico como os adultos fazem. a oxigenação pode ser feita com um compressor de ar ou bomba de circulação lenta (a bomba deve ter sua área de captação protegida, para evitar que filhotes sejam sugados, e o retorno pode ser distribuído em uma flauta e/ou apontado para cima, de modo a impedir que a movimentação da água seja muito acentuada). a fim de aumentar a qualidade da água o compressor ou a bomba podem ser ligados a filtros. de toda forma, recomenda - se que sejam feitas TPAs diárias de 20% a 50% a parir da segunda semana de vida dos alevinos. a água reposta deve ser desclorada, e apresentar parâmetros iguais à água do aquário dos filhotes. os processos de retirada e reposição da água devem ser lentos e suaves, recomendam - se mangueiras de diâmetros diminutos. a partir da terceira semana de vida dos alevinos a cada TPA diária pode - se elevar a coluna de água em 1cm até atingir a altura adequada ao aquário continente. a partir do 30° - 40° dia de vida a oxigenação mecânica não é mais necessária, pois o labirinto dos filhotes estará completamente formado. após 60 dias de vida os filhotes podem ser remanejados para outros aquários, desde que possuam água com os mesmos parâmetros da água do aquário original. após remanejados para um tanque maior as TPAs podem passar a ocorrer a cada 2 dias. e os machos já podem, também ser separados (entre 60 e 90 dias). a partir dos 180 dias de vida os filhotes já podem ser manejados como Bettas adultos.
sobre a alimentação dos alevinos geralmente são oferecidos, a partir do terceiro dia de vida, microvermes, ovos de artêmia sem casca, artêmias recém eclodidas, enquitérias, parameciuns e infusórios. à medida que os filhotes forem crescendo pode - se iniciar a introdução de ração para alevinos. é muito importante que não haj restos de alimento no aquário, sendo pertinente realizar uma sifonagem do fundo do aquário após cada alimentação.